“Existe uma história do negro sem o Brasil, o que não existe é uma história do Brasil sem o negro.” (Januário Garcia, Ex presidente do IPCN)
Julho é o mês do IPCN, mês de todas as pessoas aguerridas que pensaram neste lugar como um lugar de cuidado e encontros para o pensamento negro de nossa geração.
Janu, como era conhecido e chamado carinhosamente por quem teve a honra de conhece-lo, colocou as primeiras pedrinhas na construção deste pensamento e se tornou um dos maiores arquitetos da materialização de nossas memórias visuais.
Quiseram os ancestrais desta casa, que hoje tem em Januário Garcia o mais recém chegado de volta ao orun, que o reinicio de nossa agenda de atividades comemorativas começasse com lágrimas, lembranças e saudade.
Não há acaso no universo da cosmovisão…
A memória é o nosso maior patrimônio, que precisa de preservação e cuidado, mas para que possamos preserva-la é necessário acessá-la, trazê-la a cena e garantir que esteja entre nós, PRESENTE.
Hoje, o IPCN chora por Janu.
O reinicio da trajetória de Janu entre os nossos ancestrais, é também o dia em que se programou um Seminário sobre nossa memória.
Como aprendemos com os mais velhos, SANKOFA é um adrinkra e origina-se de um provérbio tradicional entre os povos de língua Akan da África Ocidental, em Gana, Togo e Costa do Marfim. Em Akan “se wo were fi na wosan kofa a yenki” que pode ser traduzido por “não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu” e também se resume em um ensinamento resume o sentido de nossa busca pelo entendimento da importância de nossa História, Memórias e Lembranças..
Januário Garcia, pertence a nossa galeria dos imortais. Dos que acreditam que é possível produzir mudanças e construir e reconstruir a história através das nossas ações hoje.
Com seus registros de ontem, fez a história de hoje, exatamente como Esu, que matou o pássaro ontem, com a pedra que atirou hoje.
O pássaro dos desentendimentos entre nós, da incompreensão, da ausência de escutas, de corações atormentados por rancores e mágoas, das atitudes beligerantes contra os membros e membras do nosso Egbe.
Esu, sem dúvidas é um dos maiores atacados pelo colonizador e sua cultura religiosa, demonizado e execrado por eles. Para nós Esu é exatamente como nos ensina o Professor Renato Noguera: “É o orixá que abre caminho para o acontecimento. Na mitologia, quando joga a pedra por trás do ombro e mata o pássaro no dia anterior, Exu reinventa o passado. Ensina que as coisas podem ser reinauguradas a qualquer momento”.,
O IPCN está de luto por seu grandioso membro, mas luto para nós é verbo.
JANUÁRIO GARCIA, PRESENTE!!!
JANUÁRIO GARCIA, PRESENTE!!!
JANUÁRIO GARCIA, PRESENTE!!!