O IPCN foi organizado e fundado no ano de 1975, ainda em tempos da ditadura brasileira.

Após 400 anos de abolição, o Brasil passou pelo momento da Eugenia. Havia concurso para crianças, sendo vencedora aquela que apresentasse a pele mais clara, tornando-se o símbolo da branquitude brasileira.

Os negros eram escondidos em dias de eventos grandes. A exemplo, temos os condutores de bonde, de pele escura, eram retirados, eram “escondidos”. Era preciso resgatar a identidade de uma população que construiu o Brasil de hoje. Um Povo, cujo sangue de muitos, banhou o solo brasileiro. Positivar sua imagem, arrancar o povo negro da invisibilidade! Resgatar sua memória e dignidade são bandeiras necessárias.

Com isso, um grupo de negros intelectuais e cientistas sociais resolveram fundar o IPCN. Apesar da perseguição velada, registrada em documentos históricos, que compõem o acervo do IPCN. A luta foi árdua para manter o órgão de negros. Diretorias passadas conseguiram comprar a sede e as seguintes a manteve até os dias atuais.

E hoje temos a visão da luz no fundo do túnel. Estamos cada vez mais próximos de solidificar o respeito pelo povo de luta, que em momento algum se rendeu ao chicote, ao açoite. Hoje, os intelectuais e cientistas negras e negros se multiplicaram e colocaram como ponto fundamental o resgate daquela luta iniciada em tempos muito sombrios.

O IPCN teve e tem suma importância nesses duros tempos para o fortalecimento da atual militância negra brasileira, estando nas mais diferentes instâncias, dentro das escolas de artes, nos núcleos das escolas de samba, nos espaços acadêmicos e artísticos. Tendo como presenças marcantes personalidades importantes, como as mulheres negras intelectuais Lélia Gonzales, Maria Beatriz Nascimento, Helena Theodoro, o consagrado fotógrafo e jornalista Januário Garcia e o ator e diretor de cinema Milton Gonçalves na luta pelos Direitos Humanos, pelo combate ao Racismo Estrutural e pela Promoção da Igualdade Racial.

Todas essas bandeiras de lutas, à época da Ditadura, tanto as defendidas pelo IPCN, como as dos demais movimentos negros, foram consideradas ações criminosas, passível de prisão pela Lei de Segurança Nacional (LSN) durante o Regime Militar.

Nessa ocasião, vigorava a lei nº 6.620, de 17 de dezembro de 1978, que, em seu artigo 36, previa a pena de reclusão de dois a 12 anos para todo aquele que incitasse “o ódio ou a discriminação racial”. A partir deste enquadramento, todas as atividades desenvolvidas pelo movimento negro e seus integrantes, passaram a ser vistas como subversivas.

Hoje no Dia 31 de Março de 2022, o IPCN reinicia a luta antirracista voltando a ser uma das maiores entidades do Movimento Negro brasileiro e traz este material, produzido nos calabouços da ditadura que, com certeza, foi elaborado por agentes infiltrados entre nós. Haja visto, que havia eles estavam atentos aos passos de todos os movimentos para investigar e delatar suas ações ao regime.

Esta matéria serve, também, como um alerta à nossa militância atual quanto à conhecida ascensão de grupos de extrema-direita e o pior, de movimento de grupos neonazistas no Brasil!

Lendo a riqueza de detalhes que este dossiê criou, liga um sinal amarelo na nossa estratégia de militância, em tomar todas as precauções ao que temos de mais valioso: A Nossa Vida!

Tem mais informações sobre o documento citado?
Entre em contato conosco

Convidamos a você leitor que comente, ou nos envie informações sobre o dossiê em anexo, para que possamos enriquecer os detalhes em torno desse documento confidencial criado durante o Regime Militar.

Fonte: http://querepublicaeessa.an.gov.br/

Equipe de Comunicação do IPCN Brasil