Um crime bárbaro e revoltante, com repercussão internacional e que mais uma vez atualiza a triste vivência do racismo que nos assola cotidianamente e o presidente da Fundação Palmares não exibe uma postura de indignação e de denúncia do racismo que autorizou essa barbárie e nem faz um gesto de solidariedade para com a família do irmão congolês Moïse Kabagambe, mais uma vida violentada e assassinada sem pudor e a céu aberto.

É uma tragédia imensurável tê-lo a frente da Fundação Palmares. Indigno da sua missão de promoção e preservação da cultura negra e afrobrasileira e indigno do respeito, da representatividade e da integridade que o cargo exige, o atual presidente da FP se apresenta, mais uma vez, como coluna avançada do discurso fascista e da sua pulsão de morte e indiferença, em total ausência de empatia e respeito com a vida do povo negro que deveria valorizar e defender.

Mais do que se exibir sem pudor como uma combinação caricatural e extemporânea de um capitão do mato com espírito de feitor para servir de cão de guarda das teses classistas e racistas que há muito sustentam o genocídio do povo negro, pobre e periférico, o presidente da FP ataca a vítima para reforçar a tese esdrúxula da negação do racismo no Brasil. Esse negacionismo é expediente útil para legitimar e normalizar a violência contra a juventude negra, pobre e periférica da sociedade brasileira.

Termos repugnantes, grotescas e inaceitáveis como “Vagabundagem”, “selvageria”, “modo de vida indigno” ou a requentada busca de antecedentes sociais e criminais são velhos, históricos e insustentáveis argumentos para autorizar a desumanização e vigência informal de um código de processo penal específico para o povo negro, como uma linha auxiliar no processo de sua exclusão física, social e simbólica.Vivemos tempos de denúncia, resistência e luta. Essa firme resistência nos manteve e nos mantêm íntegros. Não passarão.

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Instituto de Pesquisas das Culturas Negras 12/02/22