Representantes das cerca de 190 entidades e movimentos que apoiam a punição aos atos racistas sofridos pelos jogadores de futebol Vinícius Júnior, do Real Madrid, foram recebidos no início da tarde pelo Consul da Espanha no Rio de Janeiro, Ángel Vázquez Díaz de Tuesta. O grupo entregou um requerimento no qual cobra uma série de providências, entre elas, o indiciamento de quatro dos agressores e a marcação de uma audiência pública com autoridades espanholas no Brasil. O cônsul se comprometeu a encaminhar a solicitação da audiência à Embaixada do país, em Brasília, que seria a instância com foro político para receber os representantes do movimento negro.

Durante o encontro com o presidente do Instituto de Pesquisa das Culturas Negras (IPCN), Marcio Madeira; com o representante do Advocacia Preta Carioca, Bruno Cândido e de Ronaldo Tavares, diretor de Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério dos Esportes, Ángel Vázquez reconheceu os ataques contra Vini e disse que o debate em seu país contribuirá para que a sociedade espanhola tome consciência dos “perigos do racismo”. Segundo o ele, o Estado tem obrigação moral de combater o racismo e assegurou que a reação e o pedido de desculpas da Espanha são importantes para o país. O diplomata recebeu o grupo e o documento, no entanto, por não ocupar um cargo político, explicou, não permitiu fotografias para registrar o momento.

Inquérito – O requerimento encaminhado reivindica a instalação de inquérito por ato de violência racial, e racismo institucional em ambiente esportivo em desfavor da La Liga, a liga de futebol espanhola; do seu presidente, Javie Tebas; do clube Valência e dos jogadores Giovani Mamardashvilli e Hugo Duro. Requer, ainda, instauração de inquérito para apuração dos fatos de racismo sofridos por Vini Júnior ao longo dos anos e a apresentação dos registros de quais medidas foram adotadas para apuração, responsabilização e prevenção dos atos.

“Apresentamos a nossa reivindicação para apuração dos atos cometidos não apenas contra Vinicius Júnior, mas também contra outros jogadores. A prioridade do documento é que o governo espanhol faça uma intervenção nas autoridades públicas e privadas que trataram o caso com inércia”, disse Bruno Cândido. Márcio Madeira, destacou a ampla mobilização da sociedade civil, em particular das vinculadas ao movimento negro e antirracista. Destacou, ainda, o simbolismo da realização dos atos em 25 de maio, quando é comemorado o Dia da África.

Ronaldo Tavares, diretor de Defesa dos Direitos do Torcedor, do Ministério do Esporte, disse que a pasta trabalha com o Ministério da Justiça e da Igualdade Racial maneiras para combater o racismo no esporte. “Não apenas no futebol, mas nas diversas áreas. A ministra Ana Moser está conversando com diversos órgãos para combater o racismo e haver uma rede de amparo para o atleta vítima do racismo”.

No fim da tarde as entidades se mobilizam para um ato na Candelária, no Centro do Rio.