Analisando uma daquelas fotos de homens negros enfileirados e acorrentados, me peguei a refletir, o porquê tantos homens jovens e fortes não se rebelaram contra o seu algoz?

Por que o homem negro aceitava viver essa condição animalesca imposta pelo covarde homem branco?

E cheguei a conclusão, que muitos apesar do sofrimento, como vários seres humanos, queriam viver.

O bem maior é a vida. Ainda nos dias atuais aterroriza a muitos a dor física pela tortura e a morte.

Ainda que em condição diversa da condição que nasceu, muitos queriam viver. Até os que se suicidaram queriam viver, só não suportariam viver uma vida de corrente, chibatadas, tortura física e mental.

Naqueles corações incrédulos pulsava a esperança de se livrar das correntes, escapar das mãos de seu algoz, de voltar para sua terra e voltar a correr livres, caçar para comer, voltar para sua tribo, seu lar, reencontrar os seus.

O lampejo da esperança de um amanhã livre era o que fazia aqueles homens silenciar, resistir, estudar o momento próprio para escapar daquele inferno.

E ao contrário do que se pensa, foram longos 400 anos de escravidão, mas não foi sem luta, não foi sem planejar fugas para liberdade.

Lembrando que a estratégia do homem branco/escravizador foi juntar os homens negros de diferente dialeto para não conseguirem se comunicar, o que atrasou a articulação para fuga.

Mas a dor, o medo, a vontade ser ser livre fez com que criassem um modo de entendimento e conseguiram fazer projetos de fuga.

Conseguiram descobrir no Brasil imenso, terras onde se escondiam e fundaram sua cidade, a que deram o nome de quilombo. Foram muitos os quilombos que nasceram no Brasil um dos mais conhecidos e prósperos foi o Quilombo dos Palmares.

Lá criaram seu modo novo de viver. Seu local de resistência e vida nova.

Conclui que as fotos mostram, em realidade homens negros quietos, mas já articulando sua sobrevivência, porque o silêncio serve para reflexão.

Todos temos direito a vida com liberdade física e de sentidos.

Todo ser humano nasce livre e tem o direito de viver como bem quiser.

Um filósofo no passado entendeu que os homens negros que viviam em suas tribos deviam ser considerados selvagens, pequenos intelectual e fisicamente, uma raça menor. Portanto passíveis de ser escravos e assim legalizou no século XVII o tráfico de escravos e o racismo.

Fica a pergunta diante de uma perspectiva tão raivosa acerca de raça superior: quem foi o selvagem, o desumano, o menor intelectual e fisicamente na história do mundo o homem branco, que se achava superior ou o homem preto que vivia de modo natural em determinadas localidades e em outras vivia com estudo, luxo e riqueza, mas sempre respeitando as convicções de vida de cada um?

Por Fátima Moura